Era uma vez um comercial pimpão e ressaibiado com a vida.
Um belo dia de Outono, num ataque de mesquinhez, entra em castelo alheio, envergando um fato barato e um tom de raspanete.
Diz
que durante um ano, aquele feudo não vendeu o produto que representa e
por isso veio recolher uma tal de box laranja - porque
'isto assim, não pode ser e que noutros sítios saem que nem castanhas'.
- Meu caro - argumenta a donzela - as castanhas só podem sair se o cliente quiser comê-las
Mas o senhor do estábulo, que se quer vender por cavaleiro não quer
ouvir e continua a praguejar...como quem passa um correctivo.
Não só o tom é para lá de arrogante, como continua a repetir vezes sem conta e tal qual comando de ataque:
'box laranja!, box laranja!'
enquanto a donzela tenta descobrir onde se poderá esconder tamanho tesouro.
'box laranja!, box laranja!'
Não adianta dizer que falará com quem é devido para localizar tal tributo.
'box laranja!, box laranja!'
Já com a sua preciosa box nos braços...que afinal era vermelha,
ainda tenta ensinar técnicas de venda dos produtos que representa ' se
não tiver o produto aqui exposto, à vista, o cliente não compra'
...assim como se não produzissem também semelhantes neste castelo, a
donzela atira uma indirecta para ver se o stabledork percebe que não se
manda em casa alheia ...altura pela qual, com a paciência esgotada e a
beleza cansada, coloca a sua poker face - aquela de 'já tens o que
querias, baza, deixa-me trabalhar'
Num volte face que só pode ser descrito como cair um raio em cima do
queria-ser-vilão-mas-não-passo-de-um-imbecil, que sintoniza de imediato,
outra personalidade e resolve vomitar a cassete nº1 do top de venda (a
mesma que papageou no verão) ,tentando conquistar a donzela através de
referências a marcas que ele fornece e - o que só se pode concluir que
fosse o trunfo na manga - uma bonita foto aérea da fábrica - de um
catálogo que obviamente não deixou ficar - 'é isto tudo' - exclama ele,
como que se quisesse mostrar a segurança da dimensão do seu reinado.
A donzela, continuou na sua bolha, sem adiantar conversa e a pensar
que raio de técnica de arranjar parceiros seria aquela que primeiro
intimida, cobra, pede o divórcio e exige a divisão dos bens...e depois
volta à estaca zero de dar-se a conhecer e propor casamento.
Ainda
tentando que a donzela recomendasse as suas cadeiras nos projectos e
tal qual oráculo, profetiza que quem compra noutros fornecedores mais
competitivos vai à falência como reinado de x e reinado de y ( reinados
esses de quem a donzela nem nunca ouviu falar)
Por fim, ele parte, em direcção ao pôr do sol, com a sua preciosa box
laranja que afinal era vermelha...com a promessa de voltar em Janeiro
...mas afinal, não estávamos zangados?
'toma lá esta m...'
Sem comentários:
Enviar um comentário